A verdade é que eu
busco uma intensidade que eu não alcanço. A intensidade que eu nunca
compartilhei com outro e nem vou compartilhar. A falta do arrepio na nuca. A
falta da respiração ofegante e verdadeira, junta, simétrica, compassada. Busco
a intensidade em palavras dos outros, em imagens projetadas, em sons. Encontro,
assim, ás vezes, quase nunca, nessas coisas, algo de intenso. Esqueço os meus
anseios, por hora. Esqueço do que talvez pudesse me completar. O homem que eu
não vou amar e aquele que nunca vai me amar. A palavra que sozinha não faz sentido e que eu uso como título. Mas em um piscar de olhos volta o
anseio pela intensidade. Então eu desço. A escuridão mais profunda do poço me
acolhe. Com seus ratos, seu cheiro fétido, suas doenças. A adrenalina satisfaz.
O perigo encanta. E me sinto saciado. Falsamente. E me culpo. E a culpa atordoa
e dói. Como grandes textos em um grande parágrafo sem fim que não te deixa
respirar. Abafa. Irrita. Mas usa curtas orações. Para te dar a sensação de um
falso alívio. Como são os dias de sol e brisa refrescante na vida. E o preço
pago é alto. Dos olhos já não escorrem lágrimas. Minha terra já não é onde eu
deveria estar. Longe parece pouco. E o fim distante. Agonizo por não poder ser
útil. Mas qual a utilidade de qualquer um? Hoje nego regras ás quais eu mesmo
me submeti. Regras que deveriam ter me feito melhor, superior. Levaram a nada.
Me distraio com questões gramaticais, ainda. Vejo que não me libertei de todas
as regras. Covarde! Vergonha. Queria palavras que lidas soassem tão fortes
quanto o teatro. Intenso. Exageradamente. Os que dizem que me conhecem não se
questionam sobre as palavras que eu escolho. Meus pontos são em vão. Meu pobre
vocabulário não me satisfaz. Não tem intensidade. Não tento mais: fazer sem
querer, fazer sem propósito. Esperar. Me satisfaz saber que você não chegou
nessa oração. Mas me entristece saber que nem começou o parágrafo. Pelo susto.
Pela ignorância. Pelo retorno que eu dei de algo que eu não recebi. Me machuco
em silêncio. E espero. E esperaria mil vidas, desde que breves. Mas de mim não
vem o ultimato. Não consigo. Não sou capaz. Again and again. Fate. Anseio por
novas palavras, línguas, sons. Cheiros que não senti, sabores que não vivi. Quero
preencher espaços em branco em uma folha. Cansar os que esperam algo de mim.
Passar adiante a culpa da desistência. Deixar que os outros se culpem por mim.
Eu nunca apertei o botão da bomba. E tudo parafraseado. Nada de novo. Tudo
tendo uma fonte de inspiração, exaltando a falta dela. Ser bom no que não se
gosta e ruim pelo que queria ser lembrado. Não sei ser grato. Falo para um e
parra muitos e ao mesmo tempo a mim mesmo. A mim. Pra mim. Só eu me dou prazer.
Egoísmo narcisista. Autossuficiência insuficiente. Intensa. Como a verdade que
eu buscava. Inexistente. Finalizada.