segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Cinco vezes surpreendido.

Faço aqui uma lista de cinco álbuns incríveis que eu descobri através de cinco músicas muito populares. Fui cinco vezes surpreendido porque as músicas que me levaram aos discos são canções de pop tipo chiclete pra tocar em rádio (mas nem por isso ruins, pelo contrário) e encontrei álbuns extremamente coesos, bem idealizados e muito bem executados.
Não vou numerar essa lista pois gosto desses álbuns igualmente, cada um do seu jeito, se isso é possível.
Vamos a lista!

Álbum: Sixpence None The Richer (1997).
Artista: Sixpence None The Richer.
Música que me levou ao disco: Kiss Me.

A música Kiss Me eu acho que ouvi a primeira vez em um seriado de TV ou na rádio mesmo. Uma balada-rock romântica com uma voz deliciosa. Depois de muitos anos, quando já tinha internet banda larga, decidi baixar todo o disco com essa música e fiquei surpreendido principalmente com os arranjos leves das músicas, além das faixas "coladas" que dão um climão para a primeira parte do álbum. A voz de Leigh Bingham é uma delícia a parte, afinadíssima e doce, muito parecida com o da Nina Persson do The Cardigans. O álbum pode ser até considerado conceitual ou uma pequena opereta pop-rock, com um tema apresentado ao final de Anything que se repete no refrão de The Waiting Room e em outros momentos do disco. As cordas nos arranjos dão um toque ainda mais especial em faixas como Puedo Escribir, que é quase um flamenco. Um tesouro pop dos anos 90.

Álbum: Gram (2004).
Artista: Gram.
Música que me levou ao disco: Você Pode Ir Na Janela. (nao tao pop assim...)

Sim, eu sou daqueles que a primeira vez que ouviu Você Pode Ir Na Janela achou que fosse uma música do Los Hermanos. Depois descobri que se tratava de uma banda nova quando vi o clipe na MTV. Foi aí que eu quis descobrir mais sobre a banda e vi que o resto disco se distancia bastante do Los Hermanos, não só pela ausência de metais, mas também pelas letras amargas e guitarras sujas que remetem ao Radiohead na fase de The Bends. Moonshine virou minha música preferida do álbum facilmente, talvez pelos falsetes, talvez pelo clima melancólico e o crescente desespero no fim da faixa. Aliás o disco todo é cheio de melancolia. Além das guitarras o teclado também brilha nos arranjos do disco, criando climas psicodélicos e modernos. É um disco de rock com uma qualidade difícil de encontrar equivalente no período em que foi lançado.

Álbum: August And Everything After (1993).
Artista: Counting Crows.
Música que me levou ao disco: Mr. Jones.

Álbum: Urban Hymns (1997).
Artista: The Verve.
Música que me levou ao disco: Bitter Sweet Symphony.

E eu tinha lido que eles eram um tipo de Oasis. Não chega nem perto disso. Bitter Sweet Symphony é pop, como Lucky Man e One Day, mas mesmo assim não faz do álbum um disco pop. Não é o meu preferido do Verve (sendo este o A Nothern Soul, anterior na discografia mas que ouvi depois) mas é o que me fez me encantar por essa banda inglesa. O que mais me impressionou foi o experimentalismo e psicodelia de algumas canções, que remetiam ao rock dos anos 60 e 70 que eu ouvia na época (Pink Floyd do início) misturado a elementos modernos e a harmonizações e sobreposições de vocais fora do comum, como em The Rolling People. Sonnet e The Drugs Don't Work também são belíssimas.

Álbum: Parachutes (2000).
Artista: Coldplay.
Música que me levou ao disco: Yellow.

Yellow tinha um misto de U2 com Radiohead, que eram coisas que me fascinavam naquele tempo, além de um clipe simples e bonito. Grudou nas rádios do Brasil em 2001 principalmente por fazer pate de uma novela que eu não lembro o nome. Ouvi o disco emprestado de uma prima. A primeira faixa Don't Panic com o verso "We live in beautiful world", trazia um contraponto imenso ao se levar em consideração a melodia melancólica e a voz triste que a cantava. Era como se Chris Martin tivesse tentando convencer a si mesmo de que o mundo era bom apesar de tudo. E apesar da melancolia ser algo presente em todo o disco, ele me traz lembranças da fase mais intensa, e talvez mais feliz, da minha vida. No disco minha música preferida é"Shiver, com sua guitarra indie estridente e os falsetes extremos numa letra comprida e gostosa de decorar. Trouble é doce e doída. Everything's Not Lost tenta reafirmar a premissa (ou mantra) do início, de que tudo vai dar certo. O Coldplay nunca mais fez um disco tão lindo.