segunda-feira, 7 de julho de 2014

Enciclopédia.

Para ler ouvindo:

Eu sempre gostei de enciclopédias.

Quando eu era menino ganhei, da minha madrinha de batismo católico, uma grande. Eram doze volumes em capa dura vermelha. E cada volume, eu me lembro, era enorme e pesado, não sei se apenas diante da minha estatura pequena e magra de então.
Ao contrário de outras enciclopédias que eu vi depois, esta não era ordenada por ordem alfabética de verbetes. Continha artigos aleatórios sobre os mais diversos assuntos, que podiam ser localizados através de um grande índice incluído no último volume.

Eu tinha cerca de seis ou sete anos e estava começando a aprender a ler e descobri a existência de enciclopédias numa revista da Turma da Mônica. Sei que eles faziam algum tipo de referência que se você lesse uma dessas você seria uma pessoa inteligente. A partir daí comentei com meus pais e com alguns tios que meu “sonho” era ter uma, até o dia em que ganhei a coleção citada anteriormente.
Decidi lê-la por inteiro. Do primeiro ao último volume. E assim comecei minha jornada de conhecimento.
Lógico, muita coisa que eu lia não fazia o menor sentido pra mim. Confesso que pulava artigos sobre química e matemática avançada, afinal naquela idade eu mal resolvia equações com as quatro operações básicas.

Meus artigos preferidos eram os de biologia, onde descobri bichos que nunca imaginei que existissem como os seres abissais dos oceanos ou aves totalmente coloridas que viviam em outras partes do mundo.
Mundo este que foi ficando cada vez mais limitado com os artigos de geografia que eu também gostava muito. Mas essa limitação se desfazia nos artigos de astronomia que levavam minha imaginação pra muito além da rua do pequeno bairro em que eu vivia. Enquanto o mundo diminuía, o universo crescia. Cresceu junto meu contestamento religioso.
Descobri línguas, países, raças, histórias, artes. Tive a companhia que me faltava entre os outros da minha idade. Pois as enciclopédias não te ensinam a se relacionar com as pessoas.

Nem a se defender delas.

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